Oscar Francisco Alves Junior
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POLÍTICA, de Aristóteles

INTRODUÇÃO

"Política", de Aristóteles, é uma obra fundamental no campo da filosofia política, que explora a natureza do Estado, as formas de governo e a organização da sociedade. Escrito no século IV a.C., o tratado continua a influenciar o pensamento político até os dias atuais, oferecendo insights sobre a relação entre o indivíduo e a comunidade, a distribuição de poder e a busca pelo bem comum.

Esta Análise de Obra foi idealizada a partir das ideias do filósofo, educador e autor americano Mortimer Adler (1902-2001), conforme expressas em "Como Ler Livros" (1940, 1972), e oferece uma abordagem analítica e sintópica dos níveis de leitura para examinar "POLÍTICA" de Aristóteles. Ao longo do texto, serão exploradas tanto as contribuições do autor para o campo do desenvolvimento humano quanto os principais conceitos e argumentos relevantes apresentados no livro, mas não substitui a leitura detalhada do livro, porém serve para despertar o leitor para que faça sua própria incursão e útil reflexão.

Aristóteles, discípulo de Platão e tutor de Alexandre, o Grande, é considerado um dos pensadores mais influentes da história. Sua abordagem empírica e sistemática da filosofia estabeleceu as bases para diversas áreas do conhecimento, incluindo a política. Em "Política", o filósofo explora a natureza do Estado, as diferentes formas de governo e a relação entre o indivíduo e a sociedade, buscando compreender como alcançar a felicidade e o bem-estar coletivo.

Ao longo dos oito livros que compõem a obra, Aristóteles analisa desde a origem da cidade-estado e da família até as causas das revoluções e a educação dos cidadãos. O filósofo argumenta que o ser humano é um animal político por natureza e que a cidade-estado é a comunidade mais elevada, capaz de proporcionar uma vida boa e autossuficiente para seus membros.

Esta análise de "Política" convida o leitor a se aprofundar nas ideias de Aristóteles, refletindo sobre a relevância de seus ensinamentos para a compreensão e o aprimoramento das sociedades contemporâneas. Através de uma abordagem analítica e sintópica, serão explorados os principais conceitos e argumentos apresentados na obra, bem como suas contribuições para o campo do desenvolvimento humano.

 

O AUTOR ARISTÓTELES

Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) foi um filósofo grego, nascido na cidade de Estagira, na Macedônia. Filho de Nicômaco, médico pessoal do rei Amintas da Macedônia, Aristóteles foi introduzido desde cedo ao mundo do conhecimento e da filosofia. Aos 17 anos, ingressou na Academia de Platão, em Atenas, onde estudou e lecionou por cerca de 20 anos, até a morte de seu mentor.

Após deixar a Academia, Aristóteles foi convidado por Filipe II da Macedônia para ser tutor de seu filho, Alexandre, o Grande. Durante este período, o filósofo fundou sua própria escola, o Liceu, onde desenvolveu grande parte de suas obras e ensinamentos. Aristóteles permaneceu no Liceu até a morte de Alexandre, em 323 a.C., quando, devido a tensões políticas, foi forçado a se exilar em Cálcis, onde faleceu um ano depois.

Ao longo de sua vida, Aristóteles produziu uma vasta obra que abrange diversos campos do conhecimento, como lógica, metafísica, ética, política, biologia e física. Entre suas principais obras, além de "Política", destacam-se:

1. "Ética a Nicômaco": um tratado sobre a ética e a felicidade humana, no qual Aristóteles explora a noção de virtude e a busca pelo bem supremo.

2. "Metafísica": uma coleção de 14 livros que investigam a natureza da realidade, da substância e das causas primeiras.

3. "Órganon": um conjunto de obras que estabelecem as bases da lógica formal, incluindo os tratados "Categorias", "Da Interpretação", "Analíticos Anteriores", "Analíticos Posteriores", "Tópicos" e "Refutações Sofísticas".

4. "Física": um estudo sobre os princípios fundamentais da natureza, o movimento, o espaço, o tempo e a causalidade.

5. "De Anima": um tratado sobre a alma e a psicologia, no qual Aristóteles explora a natureza da vida, da percepção e do intelecto.

6. "Poética": uma análise da tragédia e da epopeia, que influenciou profundamente a teoria literária ocidental.

A obra de Aristóteles é caracterizada por sua abordagem empírica e sistemática, que busca compreender a realidade a partir da observação e da análise lógica. Seu pensamento exerceu uma influência duradoura na filosofia, na ciência e na cultura ocidental, sendo redescoberto e reinterpretado ao longo dos séculos por pensadores como Tomás de Aquino, Averróis e Hegel.

 

VISÃO ANALÍTICA SOBRE A OBRA

A IDEIA CENTRAL do Livro Primeiro, composto por 4 capítulos, é a análise da origem e da natureza da cidade-estado (pólis) e da família. Aristóteles argumenta que a cidade-estado é a comunidade mais elevada, capaz de proporcionar uma vida boa e autossuficiente para seus membros. O filósofo também explora a relação entre o senhor e o escravo, o marido e a mulher, e o pai e os filhos, estabelecendo as bases para sua teoria política.

A IDEIA CENTRAL do Livro Segundo, composto por 9 capítulos, é o exame crítico das constituições existentes e das teorias políticas propostas por pensadores anteriores, como Platão. Aristóteles analisa as vantagens e desvantagens de diferentes formas de governo, como a monarquia, a aristocracia e a democracia, e discute a importância da propriedade privada e da educação para a estabilidade da cidade-estado.

A IDEIA CENTRAL do Livro Terceiro, composto por 12 capítulos, é a definição do cidadão e a análise das diferentes formas de governo. Aristóteles explora a noção de cidadania e argumenta que o cidadão é aquele que participa ativamente da vida política da cidade-estado. O filósofo também classifica as formas de governo em três categorias principais: monarquia, aristocracia e politeia (uma forma mista de governo), e suas respectivas formas degeneradas: tirania, oligarquia e democracia.

A IDEIA CENTRAL do Livro Quarto, composto por 15 capítulos, é a análise detalhada das diferentes formas de governo e suas características. Aristóteles explora as causas da estabilidade e da instabilidade política, e discute a importância da classe média para a manutenção da ordem na cidade-estado. O filósofo também aborda a questão da distribuição de cargos e honras, e a necessidade de adaptar a forma de governo às circunstâncias específicas de cada cidade-estado.

A IDEIA CENTRAL do Livro Quinto, composto por 7 capítulos, é o estudo das causas das revoluções e das mudanças políticas. Aristóteles analisa os motivos que levam os cidadãos a se rebelarem contra o governo estabelecido, como a desigualdade, a ambição e o medo. O filósofo também discute as estratégias para prevenir as revoluções e manter a estabilidade política, como a educação dos cidadãos e a distribuição equitativa de direitos e deveres.

A IDEIA CENTRAL do Livro Sexto, composto por 13 capítulos, é a análise das diferentes magistraturas e instituições políticas necessárias para o bom funcionamento da cidade-estado. Aristóteles explora a organização dos tribunais, a escolha dos magistrados e a importância da deliberação na tomada de decisões políticas. O filósofo também discute a relação entre a lei e a justiça, e a necessidade de adaptar as leis às circunstâncias específicas de cada cidade-estado.

A IDEIA CENTRAL do Livro Sétimo, composto por 5 capítulos, é a investigação da cidade-estado ideal e das condições necessárias para a felicidade dos cidadãos. Aristóteles explora a relação entre a vida contemplativa e a vida política, e argumenta que a felicidade verdadeira só pode ser alcançada através da virtude e da participação ativa na vida da cidade-estado. O filósofo também discute a importância da educação para a formação de cidadãos virtuosos e a necessidade de uma distribuição adequada de terras e propriedades.

A IDEIA CENTRAL do Livro Oitavo, composto por 10 capítulos, é a análise da educação dos cidadãos e sua importância para a estabilidade e o bem-estar da cidade-estado. Aristóteles explora os diferentes estágios da educação, desde a infância até a idade adulta, e discute o papel da música e da ginástica na formação do caráter dos cidadãos. O filósofo também aborda a questão da educação das mulheres e dos escravos, e a necessidade de adaptar a educação às diferentes formas de governo.

 

VISÃO SINTÓPICA: COMPARAÇÃO ENTRE "POLÍTICA" (Aristóteles) E "O PRÍNCIPE" (Nicolau Maquiavel)

Ao comparar "Política" de Aristóteles com "O Príncipe" de Nicolau Maquiavel, é possível identificar algumas semelhanças e diferenças significativas entre as duas obras. Ambos os autores exploram a natureza do poder e do governo, mas suas abordagens e conclusões diferem em aspectos fundamentais.

Aristóteles enfatiza a importância da ética e da virtude na vida política, argumentando que o objetivo principal do governo é promover o bem comum e a felicidade dos cidadãos. Ele destaca a necessidade de uma distribuição equitativa de direitos e deveres, e a importância da educação para a formação de cidadãos virtuosos.

Já Maquiavel adota uma abordagem mais pragmática e realista da política, focando na eficácia e na manutenção do poder, mesmo que isso implique em ações moralmente questionáveis. Para ele, a virtude política não é necessariamente compatível com a virtude moral, e o governante deve estar disposto a agir de maneira imoral quando necessário para preservar seu poder e a estabilidade do Estado.

Enquanto Aristóteles acredita que os seres humanos são naturalmente inclinados a viver em comunidade e a buscar o bem comum, Maquiavel vê os seres humanos como fundamentalmente egoístas e movidos por interesses próprios.

Apesar dessas diferenças, ambas as obras têm em comum a preocupação com a estabilidade política e a manutenção da ordem na sociedade, reconhecendo a importância de instituições políticas sólidas e de líderes capazes de governar de maneira eficaz.

Em suma, "Política" de Aristóteles enfatiza a importância da ética, da virtude e da participação dos cidadãos na vida política, enquanto "O Príncipe" de Maquiavel se concentra na eficácia e na manutenção do poder, mesmo que isso implique em ações moralmente questionáveis. Ambas as obras oferecem insights valiosos sobre a natureza do poder e do governo, influenciando o pensamento político até os dias de hoje.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da obra "Política" de Aristóteles nos permite compreender a profundidade e a abrangência do pensamento do filósofo grego sobre a natureza do Estado, as formas de governo e a organização da sociedade. Através de uma abordagem empírica e sistemática, Aristóteles explora uma ampla gama de temas, desde a origem da cidade-estado e da família até as causas das revoluções e a educação dos cidadãos.

A ênfase de Aristóteles na importância da ética e da virtude na vida política é uma das principais contribuições da obra. O filósofo argumenta que o objetivo principal do governo é promover o bem comum e a felicidade dos cidadãos, o que só pode ser alcançado através da participação ativa dos cidadãos virtuosos na tomada de decisões políticas. Essa visão continua a ressoar nos debates contemporâneos sobre a natureza e o papel do governo.

Outra contribuição significativa de Aristóteles é sua análise das diferentes formas de governo e suas características. A classificação das formas de governo em três categorias principais e suas respectivas formas degeneradas oferece insights valiosos sobre as vantagens e desvantagens de cada uma delas, estabelecendo as bases para o estudo da ciência política.

A comparação entre "Política" e "O Príncipe" de Maquiavel evidencia as diferenças nas abordagens e conclusões dos dois autores. Enquanto Aristóteles enfatiza a importância da ética e da virtude, Maquiavel adota uma abordagem mais pragmática e realista, focada na eficácia e na manutenção do poder. No entanto, ambas as obras oferecem reflexões relevantes sobre a natureza do poder e do governo, influenciando o pensamento político até os dias atuais.

Em conclusão, "Política" de Aristóteles é uma obra fundamental no campo da filosofia política, que explora de maneira abrangente e sistemática a natureza do Estado, as formas de governo e a organização da sociedade. Sua ênfase na importância da ética, da virtude e da participação dos cidadãos na vida política continua a influenciar o pensamento político contemporâneo, convidando-nos a refletir sobre a relevância dos ensinamentos de Aristóteles para a compreensão e o aprimoramento das sociedades atuais. A obra destaca a necessidade de buscarmos o bem comum e de promovermos a participação ativa dos cidadãos na construção de um governo justo e equilibrado.

 

REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. Política. São Paulo: Martin Claret.

Oscar Francisco Alves Junior
Enviado por Oscar Francisco Alves Junior em 12/05/2024
Alterado em 13/05/2024
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