Oscar Francisco Alves Junior
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LIMITE ou A APOSTA DO DECRESCIMENTO, de Serge Latouche

INTRODUÇÃO

A partir das ideias do filósofo, educador e autor americano Mortimer Adler (1902-2001), conforme expressas em "Como Ler Livros" (1940, 1972), esta Análise de Obra oferece uma abordagem analítica e sintópica dos níveis de leitura para examinar "Limite" de Serge Latouche.

Ao longo do texto, serão exploradas tanto as contribuições do autor para o campo do desenvolvimento humano quanto os principais conceitos e argumentos relevantes apresentados no livro, mas não substitui a leitura detalhada do livro, porém serve para despertar o leitor para que faça sua própria incursão e útil reflexão.

O livro "Limite" (versão italiana) ou "A Aposta do Decrescimento" (em português), escrito por Serge Latouche, é uma obra que desafia o modelo econômico baseado no crescimento contínuo e propõe uma mudança de paradigma em direção a uma sociedade mais sustentável e justa. Latouche, um economista e filósofo francês, apresenta uma análise crítica dos problemas gerados pelo crescimento ilimitado, como desigualdades sociais, degradação ambiental e esgotamento dos recursos naturais.

Ao longo do livro, o autor defende a necessidade de uma transformação profunda nos valores e prioridades da sociedade, com a adoção de princípios como simplicidade voluntária, convivialidade e autonomia. Ele propõe medidas como a redução do consumo e da produção, a relocalização da economia e a valorização das trocas não monetárias, visando construir uma sociedade do decrescimento que seja mais resiliente, equitativa e sustentável. Embora controversas e desafiadoras, as ideias de Latouche convidam a uma reflexão urgente sobre os rumos da civilização e a necessidade de se repensar o paradigma do crescimento contínuo.

 

1. O AUTOR SERGE LATOUCHE

Serge Latouche é um economista e filósofo francês, conhecido por ser um dos principais expoentes do decrescimento, uma corrente que critica o modelo econômico baseado no crescimento contínuo e propõe uma transformação profunda da sociedade.

Latouche argumenta que o crescimento econômico ilimitado é incompatível com os limites físicos do planeta e gera desigualdades sociais e danos ambientais. Ele defende uma mudança de paradigma, com a adoção de valores como simplicidade voluntária, convivialidade e autonomia, além de medidas como redução do consumo e da produção, relocalização da economia e valorização das trocas não monetárias.

Para Latouche, o decrescimento não significa recessão, mas sim uma transição para uma sociedade mais sustentável, justa e democrática. Embora suas ideias sejam controversas e desafiadoras, elas convidam a uma reflexão sobre os rumos da civilização e a necessidade de se repensar o modelo de desenvolvimento dominante.

Críticos apontam possíveis impactos negativos do decrescimento no padrão de vida e na erradicação da pobreza. No entanto, Latouche argumenta que é possível garantir bem-estar e qualidade de vida com menos consumo material, desde que haja uma mudança nos valores e prioridades da sociedade.

O pensamento de Serge Latouche contribui para ampliar o debate sobre sustentabilidade, propondo alternativas ousadas e instigantes, que lançam luz sobre a insuficiência do modelo atual e a urgência de se construir novos caminhos para o futuro.

 

2. DESENVOLVIMENTO: VISÃO ANÁLITICA SOBRE A OBRA

O livro "Limite" (versão italiana) ou "A Aposta do Decrescimento" (em português), de Serge Latouche, é uma obra seminal que desafia o paradigma dominante do crescimento econômico contínuo e propõe uma radical reimaginação da economia global. Latouche, um crítico feroz do desenvolvimentismo e um dos principais teóricos do decrescimento, argumenta que o modelo de crescimento incessante é insustentável, tanto do ponto de vista ecológico quanto social.

A obra é dividida em 7 capítulos:

1. Limites geográficos e territoriais;

2. Limites políticos;

3. Limites culturais;

4. Limites ecológicos;

5. Limites econômicos.

6. Limites do conhecimento;

7. Limites morais.

O livro se destaca por sua abordagem multidisciplinar, combinando insights da economia, ecologia, antropologia e filosofia para construir um caso convincente contra o imperativo do crescimento. Latouche não se limita a diagnosticar os problemas associados ao modelo econômico dominante; ele também oferece uma visão provocativa de uma sociedade baseada nos princípios do decrescimento, que ele define não como uma recessão econômica, mas como uma redução deliberada da produção e do consumo em favor de uma qualidade de vida melhor e mais sustentável.

Um dos pontos fortes do livro é sua crítica à noção de desenvolvimento sustentável, que Latouche vê como um oxímoro. Para ele, a ideia de que podemos manter o crescimento econômico enquanto limitamos seu impacto ambiental é uma ilusão. Em vez disso, ele defende uma ruptura com a obsessão pelo PIB e uma reorientação em direção a indicadores de bem-estar humano e ecológico.

No entanto, a proposta de Latouche não está isenta de críticas. Alguns podem argumentar que o conceito de decrescimento é utópico e impraticável, dada a estrutura atual das economias globais e a resistência política e institucional a mudanças radicais. Além disso, a visão de Latouche pode ser vista como excessivamente pessimista em relação à capacidade da inovação tecnológica de resolver problemas ambientais e sociais.

Apesar dessas críticas, "A Aposta do Decrescimento" é uma contribuição valiosa para o debate sobre o futuro da economia global. O livro desafia os leitores a questionar suposições arraigadas sobre prosperidade e progresso e a considerar alternativas ao modelo de crescimento. A visão de Latouche sobre decrescimento como um caminho para uma sociedade mais justa e sustentável é um convite provocativo para repensar nossas prioridades econômicas e nossos valores.

 

3. TRÊS IDEIAS CENTRAIS EXTRAÍDAS DO LIVRO LIMITE (A APOSTA DO DECRESCIMENTO), DE SERGE LATOUCHE

3.1. O crescimento econômico ilimitado é insustentável e gera graves problemas sociais e ambientais: Latouche argumenta que a busca incessante pelo crescimento econômico desconsidera os limites físicos do planeta, levando à degradação ambiental, ao esgotamento dos recursos naturais e ao aumento das desigualdades sociais. Ele defende que é necessário repensar o modelo econômico dominante e reconhecer a impossibilidade de um crescimento infinito em um mundo finito.

3.2. É necessária uma mudança de valores e prioridades para construir uma sociedade do decrescimento: O autor propõe uma transformação profunda na mentalidade e nos valores da sociedade, com a adoção de princípios como simplicidade voluntária, convivialidade e autonomia. Isso implica em reduzir o consumo e a produção, valorizar as relações humanas e as trocas não monetárias, e buscar uma vida mais equilibrada e sustentável. Latouche defende que o bem-estar e a qualidade de vida não dependem necessariamente do crescimento econômico e do consumo material excessivo.

3.3. A relocalização da economia e a valorização dos territórios são fundamentais para o decrescimento: Latouche argumenta que, para construir uma sociedade mais resiliente e sustentável, é necessário fortalecer as economias locais e valorizar as especificidades de cada território. Isso significa promover a produção e o consumo local, reduzir a dependência de recursos externos e valorizar os saberes e as práticas tradicionais. O autor defende que a relocalização da economia é essencial para reduzir os impactos ambientais e sociais do modelo globalizado e para promover uma maior autonomia e resiliência das comunidades.

 

4. VISÃO SINTÓPICA

COMPARAÇÃO "LIMITE" ou "A APOSTA DO DECRESCIMENTO" (LATOUCHE) E "O NEGÓCIO É SER PEQUENO" (SCHUMACHER)

Serge Latouche, em seu livro "Limite" (ou "A Aposta do Decrescimento"), e Ernst Friedrich Schumacher, em sua obra "Small Is Beautiful" (ou "O Negócio é Ser Pequeno"), apresentam visões críticas do modelo econômico baseado no crescimento contínuo e no consumo excessivo. Ambos argumentam que esse modelo é insustentável a longo prazo e defendem a necessidade de uma mudança de paradigma.

Latouche propõe o decrescimento como alternativa, enfatizando a mudança de valores e a relocalização da economia, enquanto Schumacher defende uma "economia budista", focada na simplicidade, descentralização e valorização das pessoas e do meio ambiente. Embora Schumacher esteja mais preocupado com os problemas da pobreza e do subdesenvolvimento, e Latouche com os desafios da sustentabilidade e da justiça social em um mundo globalizado, ambos reconhecem a interdependência entre as questões econômicas, sociais e ambientais.

As duas obras tiveram um impacto significativo no debate sobre sustentabilidade e desenvolvimento, desafiando o pensamento econômico convencional e propondo alternativas inovadoras. Apesar de partirem de perspectivas ligeiramente diferentes, Latouche e Schumacher compartilham uma visão crítica do modelo econômico dominante e defendem a necessidade de uma economia mais sustentável, justa e centrada nas pessoas, oferecendo insights valiosos e complementares para repensar o papel da economia na sociedade e construir um futuro mais equilibrado e resiliente.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, "A Aposta do Decrescimento" é uma leitura essencial para qualquer pessoa interessada nas questões de sustentabilidade, economia e justiça social. Latouche oferece uma crítica penetrante do status quo e uma visão inspiradora de um futuro possível que desafia tanto os pessimistas que veem a catástrofe ambiental como inevitável quanto os otimistas tecnológicos que confiam cegamente no progresso. Seu trabalho é um lembrete oportuno de que, embora a mudança seja difícil, alternativas são possíveis e necessárias.

 

REFERÊNCIA

LATOUCHE, Serge. Limite, Traduzione di Fabrizio Grillenzoni. 2ª ristampa, Torino Itália: Bollati Boringhieri, 2013.

 

ANOTAÇÕES FINAIS:

A referida análise de obra foi apresentada entre 2015 e 2016 por ocasião do doutoramento em Ciência Jurídica na UNIVALI, Capes 6, pelo Prof Dr Oscar F. Alves Jr, em razão de indicação pela professora do módulo, Dr Maria Claudia.

Oscar Francisco Alves Junior
Enviado por Oscar Francisco Alves Junior em 16/04/2024
Alterado em 12/05/2024
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